Por que aprender inglês parece ser um
processo tão doloroso para algumas pessoas? Por que tanta gente desiste no meio
do caminho? Não que seja fácil estudar inglês, mas, se você prestar atenção e
não cometer os erros abaixo, tenho certeza de que vai evitar transtornos
desnecessários e aumentar suas chances de sucesso no aprendizado da língua
inglesa.
1. Achar que vai ser rápido
Talvez
iludidos por propagandas enganosas que prometem fluência em poucas semanas,
muita gente acaba caindo nesse conto do vigário e acha que vai sair falando
fluentemente depois de algumas aulas. A ilusão é também motivada pela
empolgação inicial de quem precisa falar inglês com urgência. É surpreendente o
número de pessoas que só se dão conta de que precisam estudar em cima da hora.
A motivação pode ser viagem ao exterior, entrevista de emprego ou prova
importante, mas já passou da hora de você perceber que inglês não é pizza! Não
existe disk-inglês que vai trazer o conhecimento quentinho e embrulhadinho na
porta da sua casa! Cf. Erros Comuns: DISK, Cf. Dicas para se sair bem na
entrevista em inglês.
Os
objetivos de quem estuda inglês variam bastante. Tem gente que estuda para
desenvolver a leitura de, por exemplo, textos técnicos e pode até dispensar a
fluência oral. Outros precisam ter um conhecimento mais amplo porque estão
buscando uma promoção em uma empresa e precisarão fazer apresentações,
participar de reuniões e até negociar em inglês. Há pesquisadores, por exemplo,
cujo foco é a excelente redação em inglês para publicação de trabalhos em
revistas científicas internacionais, entre muitos outros exemplos. O que você
já deve ter percebido é que não devemos colocar alunos com interesses tão
diferentes no mesmo “pacote”. Trace um plano detalhado para saber quais são as
suas necessidades. O conceito de sucesso é relativo, pois varia de acordo com o
objetivo de cada um. Aquilo que para mim é uma meta alcançada, para outra
pessoa, pode significar, por exemplo, apenas a metade do caminho. O meu “inglês
fluente” pode não ser o mesmo que o seu. Cf. 10 dicas infalíveis para quem quer aprender inglês.
3. Estabelecer prazo para “aprender” inglês
Nem todo mundo aprende no mesmo ritmo.
É evidente que as velocidades de aprendizado são diferentes entre pessoas
diferentes. Ainda assim, tem gente que insiste em perguntar: “Em quanto tempo
se aprende inglês?”. Se as pessoas têm objetivos diferentes e ritmos de
aprendizado diferentes, quem se arrisca a responder a pergunta acima corre um
risco enorme de dar palpite furado. É importante, portanto, se dedicar com
empenho total sem se impor prazos mirabolantes. Com o passar do tempo, você irá
adquirir maior confiança para saber que ainda tem muito o que aprender! Mais sobre esse tema
no item 4.
4. Achar que um dia acaba
Quando comecei a estudar inglês, aos 14 anos, achei
que depois de um certo tempo eu poderia dizer para mim mesmo com orgulho: “Eu
falo inglês!”. Na minha ingenuidade juvenil, eu acreditava que, depois desse
dia, nunca mais precisaria estudar. Na pior das hipóteses, abriria o
dicionário, mas bem de vez em quando. Com o amadurecimento, percebi que o
aprendizado de uma língua estrangeira é processo que não tem fim, mesmo porque
aquelas pessoas que já atingiram seu objetivo, terão que necessariamente fazer,
no mínimo, um trabalho de manutenção para não esquecerem o que já aprenderam. Sem
contar aqueles que, por uma ou outra razão, definem novos objetivos ainda mais
ousados.
5. Não avaliar seu perfil de aluno
Recebo nos comentários do blog muitas
perguntas do tipo: “É melhor estudar em escola ou com professor particular?”. A
minha resposta é sempre a seguinte: “Depende!”. Tem gente que se dá melhor
quando trabalha em grupo. Pode ser o estímulo dos colegas, o medo de ser o pior
da classe, o instinto competitivo para ser o melhor da turma etc., tem gente
que não encontra motivação se não trabalhar em grupo.
Há, por outro lado, pessoas que
preferem a flexibilidade oferecida por um(a) professor(a) particular. A flexibilidade
pode ser tanto de horário, pois é mais fácil a reposição de aulas e alterações
repentinas de dia ou horário, quanto no método de ensino, principalmente se as
aulas forem individuais. Nesse caso, o método e o material de aula podem ser
totalmente personalizados para atender as suas necessidades.
Não podemos nos esquecer, é claro, do
grupo dos autodidatas, principalmente nos dias de hoje em que há inúmeros
recursos disponíveis na Internet (já ouviu falar do Tecla SAP? ) para quem opta por
essa alternativa.
Uma
comparação grosseira pode ser feita com a atividade física. Explico: todo mundo
sabe que devemos praticar atividades físicas, certo? O que é melhor: a
academia, um personal trainer, ou correr sozinho no parque? É claro
que tem gente que se adapta melhor a uma das três alternativas. A analogia pode
ser útil para você saber se tem maior probabilidade de se dar bem estudando em
uma escola, com um professor particular ou sozinho(a).
Há
um teste muito interessante preparado por Ron Martinez, autor de “Como dizer tudo em inglês“,
entre outros livros. O post “Artigo: CLASS OR NO CLASS?”
é excelente para você tirar uma espécie de raio-X de seu perfil de aluno e
tomar a decisão correta. O texto está em inglês e, infelizmente, não terá tanta
utilidade para quem está começando do zero.
A
carga horária típica oferecida por muitas escolas e muitos professores
particulares é de 3 horas semanais, em geral, em duas aulas de 1h30. É claro
que há inúmeros outros formatos, mas a conclusão vale para todos as cargas
horárias: os resultados não surgem, ou custam muito a surgir, se não houver a
complementação do trabalho em sala de aula com atividades extras. Esse assunto
já foi tratado no post “Vocabulário: Exposição“.
Livros, revistas, filmes, documentários, séries de TV, programas de entrevista,
noticiário, enfim, tudo aquilo que represente exposição à língua estrangeira.
Não se esqueça de que não importa o assunto, o essencial é que o tema seja algo
do seu agrado. Leia também os textos “Aprender inglês com prazer é mais fácil” e “Como aprender inglês com as séries
de TV“ para ver outros exemplos.
Não gosta do método da escola? Mude de
escola. Não se adaptou com um professor particular? Troque de professor. Não
adianta ficar procurando desculpa nos outros. Tenha a coragem de admitir que
talvez você não tenha se dedicado como deveria ou talvez tenha estabelecido uma
meta muita ambiciosa para a sua disponibilidade de tempo, podem ter surgido
imprevistos que fizeram com que você tivesse que reorganizar sua agenda etc.,
ou seja, seja qual for o problema é preciso enfrentá-lo com determinação.
Afinal de contas, quem não está aprendendo inglês é você! Aliás, não há nada de
errado em recuar um pouco diante de um obstáculo, desde que você recobre as
forças e volte ao ataque na primeira oportunidade!
8. Desistir quando não houver sinais aparentes de evolução
As primeiras semanas do curso de inglês
costumam ser bem animadas. A empolgação dos primeiros dias, a vontade de
aprender rápido, o incentivo da família e/ou do(a) chefe etc., enfim, tudo
favorece. Depois de algumas semanas, você, aos poucos, vai perdendo o
entusiasmo. Aliás, você já deve supor que esse prazo varia bastante, pois,
afinal de contas, você leu os itens anteriores, não é mesmo? Inconscientemente,
você se pergunta: “Por que está tão difícil?” “Por que está demorando tanto
para aprender inglês?”. Pois bem, vou dar dois avisos para você: 1) Não é fácil
aprender uma língua estrangeira. e 2) Aprender inglês demora mesmo. Embora a
evolução possa estar de fato acontecendo, para quem aprende é muito difícil ter
a noção desse progresso. É nessa hora que a maioria desiste dizendo coisas do
tipo: “Não adianta, não consigo aprender inglês.”, “Inglês não é para mim!”
etc. ou então alguma outra desculpa para culpar o método, como as descritas no
item 7.
Portanto,
ponha na sua cabeça: o negócio é lento! Não adianta pressa. Aprender inglês não
é como comprar pastel na feira. Até que os transplantes de cérebro sejam
rotina, aprender língua estrangeira vai continuar exigindo tempo, dedicação e
muita força de vontade. And there are no two ways about it! [E não tem outro
jeito!] Prepare-se para esse período “baixo
astral” e repita para si mesmo: “É normal, vai passar!”. Acredito que com esse
grau de conscientização, você terá maior probabilidade de enfrentar essa
dificuldade. Cf. Atitude: Persistência
9. Dar passo maior que a perna
Se,
por outro lado, a coisa não está rolando, é melhor não forçar. Quem não admite
para si mesmo que não está 100% a fim de aprender inglês e continua insistindo
corre o risco de criar um trauma que pode prejudicar tentativas futuras de
estudo da língua. Faça uma avaliação sincera e cuidadosa sobre suas reais
condições de estudar inglês e todas as suas implicações, ou seja, investimento
de tempo, esforço e, é claro, dinheiro. Será que você não tem outras
prioridades no momento? Tem uma carga de trabalho e/ou estudo muita intensa
nesse ano/semestre/mês? Está passando por alguma outra dificuldade que consome
toda a sua energia? Enfim, se a hora não é a mais adequada, reveja a sua
programação! Às vezes, é melhor guardar as suas forças para outro momento do
que tentar abraçar o mundo. Faça uma reflexão sincera e só entre nessa
empreitada se realmente chegar à conclusão de que ela está dentro das suas possibilidades.
Lembre-se de que aprender inglês não é para quem só precisa; é para quem
precisa, quer muito e tem condições adequadas. Cf. Atitude: IT’S THE ATMOSPHERE!
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